A pecuária é responsável por grande parte das emissões de gases de efeito estufa no mundo, especialmente o metano, um gás que impacta o clima 28 vezes mais que o dióxido de carbono (CO2). Esse problema, ligado principalmente à digestão dos ruminantes, tem levado pesquisadores a buscar soluções sustentáveis.
No Chile, um país com uma longa costa rica em algas marinhas, surgiu uma proposta revolucionária: incluir algas na alimentação do gado para reduzir as emissões. Essa abordagem não apenas pode ser um marco na luta contra as mudanças climáticas, como também promete benefícios para a saúde animal e a eficiência dos sistemas pecuários.
Ruminantes, como vacas e ovelhas, geram metano durante a digestão por meio de um processo conhecido como fermentação entérica.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a pecuária é responsável por cerca de 14,5% das emissões globais de gases de efeito estufa, sendo o metano um dos principais responsáveis. Reduzir essas emissões é fundamental para atingir as metas climáticas internacionais.
A costa chilena, que se estende por mais de 4.000 quilômetros, abriga uma riqueza excepcional de algas marinhas, com mais de 400 espécies registradas. No entanto, apenas algumas são exploradas comercialmente. Essa biodiversidade marinha representa uma oportunidade única para o desenvolvimento de soluções sustentáveis.
Em particular, algas vermelhas e marrons contêm compostos bioativos, como halometanos e florotaninos, que inibem a atividade de microrganismos produtores de metano no rúmen.
Um desses compostos, o bromofórmio, atua sobre microrganismos metanogênicos, reduzindo significativamente a produção de metano. Pesquisadores identificaram algas vermelhas com propriedades antimetanogênicas na costa chilena, especialmente na zona norte, entre as regiões de Antofagasta e Valparaíso.
O projeto, liderado pela Universidade Santo Tomás (UST) e pela Fundação para a Inovação Agrária (FIA) no Chile, tem mostrado resultados promissores.
Atualmente, testes estão sendo realizados em vacas leiteiras na região de Los Lagos para avaliar como elas se adaptam ao consumo de algas em condições reais. Os pesquisadores também estão estudando os efeitos na saúde animal, na qualidade do leite e da carne, e a viabilidade econômica da implementação dessa prática em larga escala.
Além disso, estão sendo desenvolvidas tecnologias para otimizar a coleta e o cultivo sustentáveis de algas marinhas, garantindo que seu uso não comprometa os ecossistemas marinhos ou a economia das comunidades costeiras.
O sucesso deste projeto não só contribuiria para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mas também fortaleceria a posição do Chile como líder em inovação agrícola.
O sucesso do projeto de algas marinhas na pecuária chilena reduziria as emissões, fortaleceria a inovação agrícola e impulsionaria a economia costeira.
Práticas sustentáveis na pecuária não só beneficiam o meio ambiente, mas também têm um impacto positivo no mercado internacional, onde os consumidores valorizam cada vez mais a sustentabilidade nos produtos que compram. Além disso, o desenvolvimento do cultivo de algas marinhas pode impulsionar a economia das comunidades costeiras, criando empregos e promovendo uma relação mais equilibrada entre produção e conservação ambiental.
Este projeto chileno representa um avanço significativo na busca por soluções climáticas no setor agrícola. Com o apoio da ciência e da inovação tecnológica, o uso de algas marinhas pode se tornar uma prática comum na pecuária em todo o mundo.
A implementação dessa estratégia não apenas permitiria ao Chile cumprir seus compromissos climáticos internacionais, mas também abriria as portas para novas oportunidades econômicas para as comunidades rurais e costeiras do país.
Innovador proyecto busca reducir gases de efecto invernadero a partir de algas de las costas chilenas. 10 de janeiro, 2025. Portal Agro Chile/Redação.