A Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica (ICCE), que partiu do Porto de Rio Grande em 23 de novembro de 2024, está prestes a concluir sua jornada científica e retornará ao Brasil no dia 30 de janeiro de 2025. Durante os 68 dias de missão, a equipe pioneira de pesquisadores percorreu a costa antártica, coletando dados cruciais sobre os ecossistemas costeiros e o impacto das mudanças climáticas. A expedição foi liderada por Jefferson Cardia Simões, coordenador do Centro Polar e Climático (C) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Com 57 cientistas de sete países – Brasil, Argentina, Chile, China, Índia, Peru e Rússia – a missão envolveu profissionais de diversas áreas do conhecimento. Entre os brasileiros, estavam pesquisadores de instituições como UFRGS, USP, UnB e outras, todos empenhados em expandir o entendimento sobre as condições ambientais da Antártica. O projeto também contou com a participação de cientistas de países que fazem parte do Programa Antártico Brasileiro (Proantar/CNPq).
A expedição percorreu cerca de 27.166 quilômetros, utilizando o navio quebra-gelo Akademik Tryoshnikov, um dos mais avançados em termos de pesquisa científica polar. O objetivo principal era explorar o impacto das mudanças climáticas nas geleiras antárticas e nos ecossistemas costeiros.
Durante a missão, os pesquisadores realizaram coletas em 19 estações oceanográficas, 4 locais de solos e lagos costeiros e 5 pontos de coleta de testemunhos de gelo.
Além disso, os cientistas soltaram 43 balões atmosféricos equipados com radiossondas para obter dados precisos sobre a temperatura, pressão, ventos e outros parâmetros atmosféricos essenciais para entender fenômenos climáticos complexos. Estudos sobre microplásticos, contaminantes emergentes e a biodiversidade marinha também foram realizados, com amostragens de solos, água do mar e neve.
A missão não só reforçou o protagonismo do Brasil nas pesquisas antárticas como também consolidou o país como líder em missões científicas de alta complexidade. Jefferson Cardia Simões, responsável pela coordenação, destacou que o sucesso da expedição representa um avanço significativo na ciência polar, permitindo a coleta de dados inéditos sobre o comportamento das geleiras e os efeitos das mudanças climáticas no Sul Global.
O financiamento da expedição foi em grande parte garantido pela fundação suíça Albédo Pour la Cryosphère, com apoio do CNPq e FAPERGS. Além disso, a tecnologia de comunicação via satélite Starlink foi fundamental para a troca de informações em tempo real durante o trajeto, garantindo que dados cruciais fossem compartilhados instantaneamente.
A equipe científica já está preparando uma coletiva de imprensa para o dia 3 de fevereiro, quando serão apresentados os resultados preliminares da missão. O evento ocorrerá no Centro Cultural da UFRGS, em Porto Alegre, e contará com a presença da reitora da universidade, Marcia Barbosa, e de outros membros da comunidade científica. Enquanto isso, você pode acompanhar fotos e momentos da viagem na página do diário de bordo da missão.
A missão encerra com um saldo positivo, não apenas em termos de coleta de dados, mas também ao reforçar o papel estratégico da ciência como ferramenta diplomática e na luta contra os efeitos das mudanças climáticas. A expedição Costeira Antártica, com seus resultados e descobertas, marca um novo capítulo nas pesquisas polares e na liderança brasileira nesse campo.
Expedição Costeira Antártica retorna ao Brasil e encerra missão com sucesso, publicado em 27 de janeiro de 2025.