Um fenômeno previsto há 36 anos no planeta Netuno finalmente foi registrado graças ao poderoso Telescópio Espacial James Webb da agência americana NASA (imagem de capa deste artigo). Trata-se de uma aurora.
E não é só isso... o telescópio conseguiu medir a luminescência do planeta mas acabou revelando também outra descoberta inédita e surpreendente. Tais descobertas foram divulgadas em um artigo publicado recentemente na revista Nature Astronomy. Saiba mais abaixo.
As auroras são fenômenos luminosos causados pela interação de partículas eletricamente carregadas com a atmosfera dos planetas. Além da Terra, já foram observadas em Marte, Júpiter, Saturno, Mercúrio, Vênus e Urano. E agora, em Netuno.
A atividade auroral em Netuno era prevista há 36 anos, quando surgiram as primeiras evidências. Contudo, ainda não se tinha registros que confirmassem o fenômeno. Até agora.
Segundo Henrik Melin, pesquisador da Universidade de Northumbria e autor principal do estudo, Netuno tinha todas as condições necessárias para a ocorrência de auroras, mas a detecção do fenômeno sempre foi um desafio para os telescópios terrestres.
O telescópio utilizou seu instrumento Espectrógrafo de Infravermelho Próximo para medir a temperatura de Netuno e a distribuição do trihidrogênio catiônico (H3+), um marcador comum de auroras em planetas gasosos (caso de Netuno).
“H3+ tem sido um significante claro em todos os gigantes gasosos, e esperávamos ver o mesmo em Netuno enquanto investigávamos o planeta ao longo dos anos, o que não se provou possível. Somente com uma máquina tão potente como o Webb finalmente permitiu que obtivéssemos essa confirmação”, explicou Heidi Hammel, coautor do estudo, em um comunicado.
Nas imagens (início deste artigo), a aurora brilhante aparece como manchas representadas em ciano.
Outro dado surpreendente que foi revelado pelo James Webb é uma queda significativa da temperatura na atmosfera superior de Netuno, significando que o planeta está duas vezes mais frio agora do que em 1989, quando a sonda Voyager 2 da NASA o visitou.
Esse resfriamento dramático sugere que a região pode mudar muito ao longo do tempo, mesmo o planeta estando mais de 30 vezes mais distante do Sol em comparação com a Terra.
E novas pesquisas estão a caminho. Novos estudos sobre Netuno estão programados para os próximos anos, incluindo uma campanha detalhada em 2026, que monitorará o planeta ao longo de um mês.
NASA’s Webb Captures Neptune’s Auroras For First Time. 26 de março, 2025. Stephen Sabia/NASA.
Discovery of and infrared aurorae at Neptune with JWST. 26 d emarço, 2025. Melin, et al.