Consumo de alimentos ultraprocessados está associado a maior risco de morte prematura, diz novo estudo

Um novo estudo utilizou dados de mais de 240 mil pessoas em 8 países e encontrou que o consumo de alimentos ultraprocessados aumenta o risco de morte prematura. Saiba mais aqui.

alimentos ultraprocessados
Segundo o estudo, alimentos industrializados estão ligados a um aumento significativo nas mortes prematuras. Crédito: depositphotos.com/beats1.

Vários estudos já vêm mostrando os impactos negativos dos alimentos ultraprocessados na nossa saúde. Trata-se de um tipo de produto industrializado, cuja fabricação envolve várias etapas e técnicas de processamento e que contém grandes quantidades de aditivos e ingredientes como sal, açúcar e gorduras. Ou seja, a maior parte da sua composição é de aditivos e contém muito pouco de ingredientes in natura (como vegetais).

E agora, um novo estudo publicado recentemente na revista American Journal of Preventive Medicine, liderado por pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reforça os pontos negativos deste tipo de produto: os autores observaram que o consumo destes alimentos está associado a um aumento significativo no risco de morte prematura. Veja abaixo os detalhes da pesquisa.

O estudo e seus principais resultados

A pesquisa analisou dados (hábitos alimentares, registros de mortalidade, etc.) de mais de 240 mil pessoas em 8 países (com consumo baixo, médio e alto de alimentos ultraprocessados), incluindo o Brasil, para calcular o risco de uma pessoa morrer por consumir mais alimentos ultraprocessados entre as idades de 30 e 69 anos, o período em que se considera prematuro morrer.

De forma geral, os resultados mostraram que à medida que se adiciona mais alimentos ultraprocessados à dieta, o risco de morte prematura por qualquer causa aumenta significativamente.

A facilidade e o baixo custo são as razões pelas quais os alimentos ultraprocessados são altamente consumidos no mundo. Mas são um grande vilão, e seu consumo é altamente prejudicial à saúde.

Colocando em números: um aumento de apenas 10% na ingestão diária de alimentos ultraprocessados está associado a um crescimento de 3% no risco geral de mortalidade.

E em países onde esse tipo de produto representa mais da metade da alimentação da população — como os Estados Unidos (55% da dieta média dos americanos) —, os percentuais foram mais alarmantes. Inclusive, os autores comentam que os Estados Unidos têm o maior nível de consumo de alimentos ultraprocessados no mundo.

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Os Estados Unidos têm o maior nível de consumo de alimentos ultraprocessados no mundo. Crédito: iStock.

“Mortes prematuras evitáveis devido ao consumo de alimentos ultraprocessados podem variar de 4% em países com menor consumo a quase 14% em países com maior consumo”, comentou Eduardo Augusto Fernandes Nilson, pesquisador da FioCruz e autor principal do estudo.

Ainda, em países onde o consumo de ultraprocessados é baixo, como a Colômbia (15% da dieta da população) e o Brasil (17,4% da dieta), reduzir o consumo a zero teria evitado cerca de 3 mil mortes na Colômbia em 2015 e 25 mil mortes no Brasil em 2017. Contudo, este cenário de zero consumo é altamente irrealista e praticamente impossível na sociedade atual.

Contudo, cientistas afirmam que o estudo não pode provar que o consumo de alimentos ultraprocessados é prejudicial, não mostrou uma relação de causa direta. Porém, ele fornece evidências ligando o consumo a piores resultados de saúde. E isso deve ser levado em consideração, ainda mais que vários outros estudos já mostraram também pontos negativos em relação ao consumo desses alimentos.

Referências da notícia

Premature Mortality Attributable to Ultraprocessed Food Consumption in 8 Countries. 28 de abril, 2025. Nilson, et al.

Eating more ultraprocessed food ups the risk of premature death, study finds. 29 de abril, 2025. Sandee LaMotte.

Ultraprocessados: estudo internacional associa consumo dos alimentos a mortes prematuras evitáveis; entenda. 29 de abril, 2025. O Globo/SP/Redação.