Enquanto no Brasil enfrentamos um calorão típico de verão, com os termômetros ultraando os 30°C em grande parte das cidades do país, na Sibéria o drama é o completo oposto: temperaturas congelantes inferiores a -30 °C!
Como sabemos, o inverno do hemisfério norte pode ser bem extremo, com ocorrências de ondas de frio e calor extremas, sempre desafiando os recordes de temperaturas. Inclusive, regiões já acostumadas com extremos de temperatura continuam a ser surpreendidas. Este é o caso da Sibéria, conhecida como a caixa de gelo do Hemisfério Norte, onde a população já está habituada a temperaturas congelantes durante o inverno, porém, não tão frias como as que têm sido registradas nos últimos dias!
VIDEO: BITINGLY COLD
— AFP News Agency (@AFP) January 15, 2023
In Yakutsk, a city in Russias east Siberia, 450km south of the Arctic circle, local weather services warn that temperatures could sink as low as -62°C.
It feels like this is the coldest winter. pic.twitter.com/dtGQOFlfv1
A Sibéria está enfrentando uma onda de frio intensa e prolongada, que já dura mais de uma semana, registrando temperaturas extremamente baixas por vários dias seguidos. Na terça-feira ada (10), a pequena comunidade rural de Zhilinda, lar de menos de mil pessoas no norte da Sibéria, os termômetros despencaram para - 62.1°C, a temperatura mais baixa já registrada em um mês de janeiro na região.
Há dias que a cidade de Zhilinda, e outras na região do entorno, não registra temperaturas acima de -50°C. Neste sábado (14), foi registrada a incrível marca de -62,4°C em Tongulakh, na Sibéria, sendo a temperatura mais fria da Terra registrada em 2023, um novo recorde de todos os tempos para Tongulakh e a temperatura mais fria que a Rússia experimentou desde 2002!
Extreme #cold in Siberia with -62.4°C recorded in Tongulakh, new all-time low at the station & new lowest temperature in the world in 2023!
— Thierry Goose (@ThierryGooseBC) January 15, 2023
It's the coldest temperature in #Russia since 2002 & the coldest in January since 1982.
Also -60.5°C in Selagoncy, coldest since 1994. pic.twitter.com/vFaYllBHZA
A cidades de Yakutsk, no leste da Sibéria, conhecida como a cidade mais fria do mundo e lar de menos de de um milhão de pessoas , os termômetros chegaram a -50°C durante o dia e -62°C durante a noite, no início desta semana! Embora o mês de janeiro seja o mais frio da região e os moradores já estejam acostumados com temperaturas extremas, essa onda de frio tem sido mais intensa que o normal, obrigando os habitantes a tomar precauções extras.
De acordo com climatologistas, temperaturas como estas se tornaram raras sobre a Rússia desde meados da década de 1980, devido ao aquecimento global. Esta onda de frio extrema tem sido provocada devido ao deslocamento e permanência do vórtice polar mais ao sul, posicionado sobre o norte da Ásia.
Recordes de temperaturas baixas têm sido cada vez mais raros nos últimos anos, enquanto os recordes de temperaturas altas têm sido cada vez mais frequentes. A ligação entre o aquecimento global e as ondas de calor extremas é muito mais evidente e fácil de compreender, afinal, num planeta cada vez mais quente as temperaturas máximas tendem a serem exacerbadas. Entretanto, apesar do aquecimento global diminuir a frequência e a intensidade dos surtos de ar frio, ele não os eliminou!
Extremely cold air over Siberia is modulated by (tropospheric) polar vortex -- white fuzzballs on map. Just when a cold anomaly is ejected into Pacific, another appears on the scene to take over.
— Ryan Maue (@RyanMaue) January 15, 2023
TPVs are cyclonic rotating in N Hemi & are local depressions on tropopause. pic.twitter.com/JYS6ZyztEg
A ligação entre o aquecimento global e as ondas de frio não é tão direta. O aquecimento da temperatura média do planeta tem aumentado a frequência e intensidade de eventos extremos, principalmente os de calor, mas também de secas, chuvas volumosas e ondas de frio. Isso porque ao aquecer o planeta estamos adicionando uma grande quantidade de energia no sistema climático. Esse excesso de energia amplifica as oscilações naturais do clima, oscilações que estão associadas aos padrões meteorológicos que conhecemos. Dessa forma, estes padrões podem ficar ainda mais intensos devido ao aquecimento do planeta.
Um exemplo é justamente a modulação do vórtice polar sobre o pólo norte. Muitos estudos indicam que, com o aumento da temperatura do planeta e o acelerado derretimento do gelo sobre o Ártico, o padrão de ventos em altos níveis tem sido alterado, provocando perturbações e “rompimentos” sobre o vórtice polar. Quando há perturbações no vórtice polar, o ar frio do pólo norte consegue avançar para sul, conseguindo varrer grandes extensões da Europa, Ásia e América do Norte, causando ondas de frio extremas nessas regiões, como a que tem sido registrada na Sibéria.