Enquanto é verão na América do Sul, a Europa e todo o hemisfério norte am agora pela estação inversa, o inverno. Apesar do esperado frio (geralmente responsável pela famosa neve de natal), condições anômalas tem trazido temperaturas mais quentes que o normal para o continente europeu.
Acontece que um sistema de baixa pressão localizado no oceano Atlântico norte, aliado a uma zona de alta pressão sobre o mar Mediterrâneo, resultaram em um forte fluxo de ar quente vindo de sudoeste. Graças a isso, massas de ar quente do noroeste da África estão sendo transportadas para a região.
Ao ar pelo Atlântico Norte, as massas de ar ainda encontraram temperaturas da superfície do mar mais quentes que o normal (anomalias positivas de 1 a 2 °C), o que impulsionou a situação. O resultado foi um calor recorde em vários países europeus durante a agem de ano novo.
Temperaturas acima de 20°C - muito raras para esta época do ano - foram observadas mesmo na Europa Central. Recordes nacionais de temperatura para os meses de dezembro e janeiro foram quebrados em vários países, e centenas de estações meteorológicas registraram as temperaturas mais altas já observadas para o período. Confira alguns dos recordes mais significativos:
A resposta é sim, o clima está mudando de maneira bastante notável em toda a Europa. Alguns dos serviços Meteorológicos europeus, incluindo o AEMET (Espanha), Meteo (França), Deutscher Wetterdienst (Alemanha) e o Met Office (Reino Unido) já haviam anunciado que, de acordo com seus dados, 2022 foi o ano mais quente de todos os tempos em seus respectivos países.
Mas o fato é que a frequência e a intensidade das ondas de calor europeias aumentaram consideravelmente nas últimas décadas e, de acordo com o último relatório do IPCC, os extremos de calor vão continuar aumentando, independente de qual seja o cenário de emissões de poluentes.
Temperature in Europe on January 1, 2023. pic.twitter.com/vEIxSaY2uj
— Mikhail Kulakov (@mikkulakov) January 1, 2023
Apesar da forte descrença por parte da população e da alta variabilidade presente nos modelos meteorológicos, as tendências de aquecimento observadas (tanto nas temperaturas médias quanto nos extremos europeus) simplesmente não podem ser explicados sem levar em consideração a influência do ser humano.
Há dois meses, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou um relatório mostrando que as temperaturas europeias subiram significativamente durante o período de 1991 a 2021, cerca de +0,5°C por década. Trata-se da taxa mais alta do mundo, mais do que o dobro da média global - o que significa que o aquecimento global pode ser extremamente severo para os Europeus já no curto prazo.