Este começo de inverno vem sendo caracterizado pelo tempo seco e quente no Centro-Oeste, Sudeste e em parte da Região Sul, e pelas mudanças bruscas no Rio Grande do Sul, que experimentou momentos de calor e ventos intensos, muito frio e chuva e, novamente, temperaturas mais elevadas, em um curto período de tempo.
Aqui é discutido o que está possivelmente afetando as condições meteorológicas e o que esperar para este mês.
Nos últimos meses as temperaturas da superfície da região do Pacífico Equatorial diminuíram, representando a perda de intensidade de um fenômeno El Niño de fraca intensidade, que não vem influenciando o clima no Brasil, desde o estabelecimento de 3 meses de anomalias acima de 0,5°C, que se deu por volta de meados de Janeiro. Analisando as projeções mais recentes, vemos uma tendência de um fenômeno muito fraco e a possibilidade de uma condição de neutralidade. Portanto, o El Niño não será um fator determinante para as próximas semanas e, até mesmo, para os próximos meses.
#Clima
— Tempo.com (@OtempoBrasil) 1 de julho de 2019
As condições registradas (linha preta cheia) mostra a diminuição do #ElNiño. Analisando as projeções, essa tendência se mantém e traz a possibilidade de uma condição de neutralidade para a partir da primavera. pic.twitter.com/Lh8rv7X5Uu
Além do Pacífico Equatorial, as temperaturas da superfície dos demais oceanos, incluindo o Pacífico Norte e Sul, estão bastante elevadas, salva a exceção de alguns pontos com anomalias negativas. Esse padrão aquecido pode afetar a circulação global, o que reforça a idéia de não analisar somente se há ou não El Niño. No entanto, por se tratar de uma condição a atípica, se faz necessária uma investigação mais aprofundada para determinar as influências na circulação global e os impactos nas variáveis meteorológicas.
#Clima
— Tempo.com (@OtempoBrasil) 1 de julho de 2019
Todos os #oceanos estão aquecidos. Essa condição pode afetar a circulação geral da #atmosfera. O que reforça a ideia de que para falar de clima, não basta olhar se há #ElNiño ou #LaNiña. No entanto, se faz necessária uma investigação mais aprofundada sobre os efetios. pic.twitter.com/bvYNUnzgKH
Mesmo assim, sabemos localmente os efeitos de algumas regiões. No Pacífico Sul, o aquecimento traz uma maior chance de ocorrência de bloqueios atmosféricos, uma vez que a alta pressão permanente pode se encontrar mais deslocada para sul e “forçando” o cinturão de baixas pressões a ar mais próximas a Antártica. Assim, há maior probabilidade de que as frentes frias fiquem mais concentradas no Sul do Brasil. Claro que essa situação será modulada pelo sinal da Oscilação Antártica.
Para o Atlântico Sul mais aquecido, os efeitos observados são em relação à temperatura e à “qualidade da chuva”, ou seja, como irá chover se um sistema frontal conseguir avançar. Nessa configuração, as água mais quentes contribuem para chuvas mais persistentes e generalizadas, temperaturas médias mais elevadas e a diminuição da ocorrência de nevoeiros nas áreas costeiras, como exemplo nos aeroportos do estado do Rio de Janeiro.
Analisando o comportamento e a projeção da Oscilação Antártica, vemos que a tendência para o sinal negativo em meados de Maio que proporcionou um aumento das chuvas e do frio na Região Sul na segunda quinzena do mês. Já a tendência positiva na transição para Junho, favoreceu a atuação de um bloqueio atmosférico, uma vez que as frentes frias e as baixas pressões aram a atuar mais próximas da Antártica. O comportamento oscilatório no decorrer de Junho, com uma leve tendência negativa, contribui, em partes, para mudanças em um curto período de tempo na Região Sul e, principalmente no Rio Grande do Sul.
#Clima #Julho
— Tiago C. Robles (@tiagocrobles) 1 de julho de 2019
A #OscilaçãoAntártica vem sendo um fator determinante das condições do tempo nos últimos meses. Olhando a tendência negativa (em vermelho), podemos esperar um aumento das chuvas no #Sul até pelo menos a terceira semana.
Mais informações em:https://t.co/HW26UARBnt pic.twitter.com/WlPpwiDzaE
Utilizando da mesma lógica, as projeções apontam para uma tendência negativa, o que impacta em um aumento da frequência da incursão de frente frias e massas de ar polar no Centro-Sul do Brasil, principalmente para o Sul, onde podemos esperar chuvas mais frequentes e temperaturas mais baixas nas próximas semanas.
Os modelos climáticos de maneira geral estão concordando. Assim, o cenário médio mensal será representado pelo modelo CFSv2, que mostra de forma coerente a distribuição de chuva e de temperaturas em todo o Brasil.
As anomalias de precipitação mostram que as chuvas vão ser mais frequentes no Centro-Sul. No entanto, os volumes mostrados no estado de São Paulo e no sul do Mato Grosso do Sul, ocorrem durante a primeira semana de Julho. Já na Região Sul, há previsão de chuva todo o mês, com maiores volumes para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Somente na última semana, a tendência é de chuvas concentradas no território gaúcho e no sul catarinense. No leste do Nordeste, o tempo mais firme predomina ao longo da primeira semana e volta a chover a partir da segunda semana, porém com alteração de intensidade e distribuição.
#Clima
— Tiago C. Robles (@tiagocrobles) 1 de julho de 2019
O modelo CFSv2 mostra uma mês de #Julho com chuvas mais concentradas e de temperaturas mais baixas em parte do Centro-Sul do #Brasil.
Discuto os porquês aqui:https://t.co/HW26UARBnt pic.twitter.com/KFzXwCuREP
Em relação à temperatura, devido às chuvas e a incursão massas de ar polar, anomalias negativas são mostradas desde o Rio Grande do Sul até o sul do Mato Grosso, sendo que neste último, essa condição será determinada pela massa de ar polar intensa da primeira semana. Em Santa Catarina, Paraná e no Sudeste, o fato de os sistemas frontais não avançarem muito e as temperaturas estarem mais elevadas no Atlântico, proporcionam anomalias um pouco acima da média do mês.