A teoria do Big Bang é a mais aceita pela cosmologia atual para explicar o início do espaço, tempo, energia e matéria. Há 13,8 bilhões de anos atrás esta grande explosão (Big Bang) deu origem ao universo. Agora, na localidade de San Antonio de los Cobres, em Salta, província argentina, o Projeto QUBIC (Q-U Bolometric Interferometer for Cosmology) começa sua grande aventura de encontrar as evidências que em esta teoria. E a única maneira de fazer isso é com um experimento.
A teoria mais moderna do Big Bang é conhecida como Teoria da Inflação Cósmica, que postula que houve uma expansão acelerada e exponencial nos primeiros momentos do universo. Os cientistas acreditam que, se ocorreu exatamente isso, tem que haver ficado vestígios na forma de radiação cósmica de fundo (CMB, na sigla em inglês), micro-ondas de baixíssima intensidade com um tipo especial de polarização (estrutura da onda), que se conhece como “Modo B”.
¡Llegó a Buenos Aires el telescopio de microondas del Proyecto Qubic! Se trata del instrumento principal para detectar el origen del universo. Será instalado en Salta y podrá detectar la radiación de fondo cósmico originada hace 13.800 millones de años. Abrimos Hilo pic.twitter.com/o3AEi9wa1W
— UNSAM (@unsamoficial) July 14, 2021
“Como astrofísicos sabemos o que aconteceu 400.000 anos depois do início do universo, quando a matéria se desacoplou da energia e os fótons começaram a viajar livremente”, explica Beatriz García, pesquisadora do CONICET e vice-diretora do ITeDA. “Os vestígios do que aconteceu antes estão na radiação cósmica de fundo em micro-ondas e naquilo que queremos detectar: a polarização dessa radiação. Podemos saber o que aconteceu antes que a luz começasse a viajar pelo universo (ou seja, antes do referido desacoplamento) estudando a polarização da radiação”.
Para finalmente validar a teoria do Big Bang, os astrofísicos devem conseguir medir essa radiação com a polarização prevista pela mesma teoria. Algo que até agora não foi possível fazer porque não havia um instrumento tão sofisticado quanto o Qubic para realizar a façanha.
A quase 5.000 metros acima do nível do mar, em plena Puna Salteña, a 300 quilômetros de Salta, no povoado de Altos Chorrillos, será colocado o telescópio. É um lugar com baixo teor de umidade e ar pouco poluído, ideal para este tipo de observação. O Projeto Qubic é resultado de uma colaboração entre seis países: Estados Unidos, França, Irlanda, Itália, Reino Unido e Argentina.
O poderoso telescópio de micro-ondas, único no mundo, foi projetado e construído na França especificamente para este projeto. Mede um metro e vinte de altura, tem oitenta centímetros de diâmetro e pesa 800 quilos. Toda a parte eletrônica e o invólucro que abriga o instrumento principal foram projetados e montados pela UNSAM e pela Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA).