Quando um vulcão entra em erupção, ele expele lava a mais de 1.000ºC e gases tóxicos, causando vários efeitos sociais e ambientais. Além de poluir a atmosfera com as partículas que expele, o seu material magmático (lava) pode percorrer longas distâncias, queimando tudo o que estiver em seu caminho. E muitas vezes, a população que mora próximo do vulcão precisa ser evacuada quando isso ocorre.
E qual é a chance de um vulcão entrar em erupção? Infelizmente, prever isso não é tão fácil assim. Os cientistas precisam de informações sobre a sua estrutura interna subjacente, contudo, a coleta desses tipos de dados pode levar vários anos de trabalho de campo. São necessárias análises e sistemas locais de monitoramento que podem medir a frequência de terremotos ou mudanças nas emissões de gases, dando dicas sobre possíveis erupções. E por isso que apenas 30% dos vulcões ativos estão bem documentados.
Contudo, agora um estudo recente traz novas perspectivas para a identificação de vulcões que apresentam maior risco, em qualquer lugar do mundo. Saiba mais aqui conosco!
O “combustível” dos vulcões, o magma, carrega consigo muitas informações. Ele é formado a uma profundidade entre 60 km e 150 km no manto terrestre, e a sua taxa de produção abaixo de um vulcão determina o tamanho e a frequência de futuras erupções.
Porém, há uma falta de dados devido à dificuldade de observação do magma e coleta de informações, como já mencionamos. Então, em muitos lugares não existe uma base para avaliar o risco que um certo vulcão representa e a extensão das medidas de proteção a se adotar.
E é isso que incentivou a pesquisa. O estudo foi realizado por cientistas da Universidade de Genebra e do Trinity College Dublin, e publicado recentemente na revista Geology. Os autores desenvolveram um método para obter com mais rapidez informações valiosas sobre a estrutura de vulcões, que permite a identificação dos que apresentam maior risco de erupção.
Os três parâmetros utilizados no método são relativamente fáceis de se medir: a altura do vulcão, a espessura das rochas que separam o “reservatório” vulcânico da superfície, e a composição química do magma liberado ao longo de suas antigas erupções. A altura pode ser determinada através de satélite, a espessura por análises geofísicas e/ou químicas de minerais nas rochas vulcânicas, e a composição do magma por amostragem direta em campo (coleta de material).
O método foi desenvolvido através de análises desses parâmetros no Arco vulcânico das Pequenas Antilhas, um arquipélago de ilhas vulcânicas no Caribe que é bastante estudado. Os autores observaram uma forte correlação entre a altura dos vulcões e a taxa com que o magma é produzido. “Os vulcões mais altos produzem, em média, as maiores erupções durante a sua vida. Em outras palavras, eles podem erupcionar uma quantidade maior de magma em um único evento”, disse Oliver Higgins, autor principal do estudo.
Em relação à espessura, as análises mostraram que quanto mais fina a crosta terrestre abaixo do vulcão, mais próximo o seu reservatório de magma está da superfície e mais maduro termicamente é o vulcão. Luca Caricchi, coautor do estudo, explicou: "Quando o magma sobe das profundezas, ele tende a esfriar e solidificar, o que interrompe sua ascensão. Mas quando o suprimento de magma é grande, ele mantém a sua temperatura, acumula-se no reservatório que alimentará uma futura erupção e "corre" a crosta terrestre".
Já a composição química do magma é um indicador da sua explosividade. “Altos níveis de sílica, por exemplo, indicam que o vulcão é alimentado por uma grande quantidade de magma. Nesse caso, há um risco maior de uma erupção grande e explosiva daquele vulcão”, explicou Caricchi.
Os autores afirmam que esses três parâmetros juntos permitem uma avaliação inicial do perigo associado a vulcões, e podem ser usados para identificar aqueles ativos com maior chance de produzir uma erupção em grande escala.