Quando ouvimos sobre tornados normalmente lembramos daqueles grandes tornados que assolam os Estados Unidos e achamos que no Brasil eles são raros, porém, esse fenômeno é mais comum do que imaginamos. Por incrível que pareça, o Brasil registra a ocorrência de tornados todos os anos, estando na lista de países com maior número de ocorrências, ficando bem atrás dos Estados Unidos, que lidera esse ranking.
A condição inicial necessária para a formação de um tornado é o choque entre duas massas de ar muito distintas, uma fria e seca e outra quente e úmida. Esse choque de massas de ar – convergência de massa – faz com que o ar frio (mais denso) levante o ar mais quente (menos denso) através de correntes ascendentes. Nos níveis mais altos da atmosfera esse ar condensa e forma nuvens do tipo Cumulunimbus, as nuvens de tempestades.
Nessas duas massas de ar temos ventos horizontais cujas direções e velocidades variam com a altura, ou seja, temos um cisalhamento do vento. Às vezes, esse cisalhamento do vento pode induzir uma rotação das correntes ascendentes do interior das nuvens de tempestade. Com essa rotação a base da nuvem começa a se estreitar, fazendo com que ela fique em forma de funil, a base desse funil quando atinge o solo forma o tornado.
Quando essas nuvens se formam sobre corpos d’água, como lagos, rios ou oceanos, a base do funil pode alcançar a água formando a chamada tromba d’água. Contudo, a quantidade de energia envolvida na formação das trombas d’água é menor comparada a energia na formação dos tornados, o que faz com que elas sejam bem menores e menos intensas.
No Brasil, as regiões mais favoráveis a formação de tornados são as regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste. Com destaque para o estado do Rio Grande do Sul e o oeste do Paraná, que faz fronteira com o norte da Argentina, a região de maior formação de tornado da América do Sul. E, normalmente, a maior frequência ocorre nos meses de outono e primavera. O caso mais recente registrado ocorreu no dia 12/06, em municípios do norte do Rio Grande do Sul.
Apesar de terem um diâmetro menor que 2 km e duração de apenas alguns minutos, os tornados são altamente destrutivos, com ventos que podem ultraar 400 km/h! A intensidade dos ventos é o que define a força de um tornado. De acordo com a escala Fujita, tornados com ventos inferiores a 115 km/h são classificados como F0 e tornados com ventos superiores a 400 km/h são F5. O tornado ocorrido no Rio Grande do Sul pode ter sido um F3 ou F4, com ventos de 300 km/h, que causaram um rastro de destruição e prejuízos.
As várias notícias e vídeos divulgados podem nos dar a falsa impressão de que os tornados estão ocorrendo com maior frequência no Brasil, mas isso não é verdade. O registro de tornados realmente aumentou, mas isso ocorreu devido ao simples fato de que os meios de comunicação melhoraram nos últimos anos. Além disso, ainda é difícil inferir o impacto das mudanças climáticas na frequência desses eventos no país.