Um estudo recente sobre um super vulcão na Indonésia, desenvolvido por um grupo de cientistas e publicado pela Universidade de Curtin, na Austrália, identificou que um vulcão de grandes dimensões, capaz de expelir milhões de m3 de magma e de outros materiais, pode continuar ativo e representar um perigo real, até mesmo milhares de anos após a sua erupção.
Em relação às erupções de super vulcões, percebe-se que elas são eventos potencialmente catastróficos e que podem mudar drasticamente o clima do planeta Terra. Quando enormes quantidades de magma são liberadas nos níveis inferiores da atmosfera, de forma quase que instantânea, são geradas condições para a ocorrência de um “inverno vulcânico” – a radiação solar é impedida de chegar à superfície terrestre originando um período anormalmente frio – que terá impactos inimagináveis para as atividades agrícolas e para a população mundial.
Sabe-se que os vulcões de grandes dimensões entram em erupção com uma frequência de milhares de anos. O que não se entendia muito bem até agora era o que acontecia nos períodos entre os momentos eruptivos, nos momentos de “dormência”. Este estudo visa compreender melhor o que acontece na fase em que os vulcões estão “adormecidos”, em que eles aparentemente não representam perigo algum, tendo por sua vez demonstrado que existe potencial para a ocorrência de eventos catastróficos.
Volcanic winters, famine and population disruption - The threat of catastrophic supervolcano eruptions is ever-present, @CurtinUni researchers sayhttps://t.co/Cv1ZvkgoS1 pic.twitter.com/WIV0vEBNlM
— Au Science Media Ctr (@AusSMC) September 6, 2021
Segundo um dos autores deste estudo, compreender a dinâmica de um super vulcão é essencial, quando ocorre uma erupção de grandes dimensões, já que é estimado que um evento deste gênero ocorre, em média, a cada 17 mil anos.
A base deste estudo foi o super vulcão Toba (que originou o atual Lago Toba), na Indonésia, que entrou em erupção há 75 mil anos. Os cientistas visaram compreender o que tinha acontecido ao magma remanescente dessa erupção e de que forma o sistema se comportou após o grande evento. Eles conseguiram constatar que o magma continuou em movimento entre 5 mil e 13 mil anos após a erupção, formando uma enorme “carapaça”, que também acabou se elevando.
Esta descoberta revelou-se importantíssima, pois desafiou todo o conhecimento existente sobre este assunto e pode auxiliar na avaliação de riscos futuros. Assim, uma erupção pode não consistir só na presença de magma líquido. Portanto, se não se verificar a saída de magma líquido, não significa que a erupção tenha terminado e que já não represente perigo para a população a nível local, regional ou até mesmo mundial.