Quais são as maiores ameaças para a conservação do meio ambiente e da biodiversidade no mundo? Todo ano, a Cambridge Conservation Initiative coordena uma análise anual para tentar justamente prever quais serão as ameaças, mudanças e tecnologias que causarão os maiores impactos no meio ambiente ao longo do ano seguinte.
Neste ano de 2023, a 15ª análise incluiu 31 pessoas entre cientistas, profissionais técnicos e decisores políticos. Inicialmente, foi elaborada uma lista com 96 pontos cruciais, que depois foram sendo reduzidos até que houvesse um consenso sobre os 15 pontos mais impactantes e recentes.
Entre eles, estão tópicos positivos e negativos relacionados à energia sustentável, ao declínio da população de diversas espécies de invertebrados e à mudança brusca dos ecossistemas marinhos. Confira os 15 pontos listados pela análise:
Descoberta de novas fontes de hidrogênio para produção de energia, incluindo eletrólise da água do mar;
Produção de amônia descarbonizada para utilização em fertilizantes e combustíveis, usando microgotículas de água, malha de grafite e nitrogênio;
Produção de alimentos e rações para animais com nutrientes semelhantes aos dos peixes, porém criados a partir de bactérias autotróficas capazes de oxidar o hidrogênio;
Agricultura interna em ambientes urbanos, utilizando métodos de fotossíntese artificial sem luz;
Uso excessivo de pó de rocha para remineralizar grandes quantidades de carbono, processo que coloca ecossistemas em risco de contaminação por metais pesados;
Um dos pontos listados é a agricultura interna em ambientes urbanos, que se utiliza de métodos de fotossíntese artificial sem luz solar direta.
A contínua diminuição na população de minhocas, especialmente em terras agrícolas e florestas de folhas largas - potencialmente devido ao uso de pesticidas;
Ecoacústica do solo, área que projeta sons como a água se movendo através do solo, com o intuito de ajudar a monitorar a ecologia do solo e as populações de invertebrados;
Incêndios florestais que podem mudar padrões climáticos, como o El Niño, através da liberação de aerossóis presos;
Impressoras de DNA portáteis, que podem produzir sequências de DNA de fita dupla sob demanda, se tornarão cada vez mais avançadas, difundidas e precisarão de regulamentação urgente;
Descoberta de novos métodos para medir a toxicidade de um produto químico antes que surjam impactos devido à sua utilização;
Equipamento utilizado na ecoacústica do solo, capaz de monitorar a ecologia do solo e as populações de invertebrados (imagem: Baker Consultants)
A cidade planejada de arranha-céus ultra-altos e "sustentáveis" da Arábia Saudita poderá afetar o curso de aves migratórias;
A morte rápida dos ouriços-do-mar em todo o mundo, devido a um possível agente patogênico protista, pode ameaçar gravemente os ecossistemas tropicais;
Descoberta de métodos para remoção de dióxido de carbono do oceano, incluindo o uso de fertilização oceânica, macroalgas e injeções de rocha;
Aumento das temperaturas na zona crepuscular pode perturbar a bomba biológica de carbono do oceano;
O derretimento do gelo da Antártida pode alterar as correntes oceânicas profundas, reduzindo a descendência de águas em 40% até 2050.
As questões levantadas pela análise refletem tanto os impactos antropogênicos na biodiversidade do planeta, para o lado negativo, quanto o aumento da capacidade tecnológica para mitigar esses impactos, para o lado positivo. Em alguns casos, novos problemas surgem justamente dos esforços para mitigar outros problemas.
De qualquer maneira, o primeiro o para se resolver um problema é identificá-lo. E, nesta questão, o levantamento tem sido um grande sucesso - desde 2009, quando começou a ser elaborado.
Os pesquisadores pretendem continuar identificando e destacando impactos emergentes ao longo dos próximos anos, auxiliando na lenta, porém importantíssima transição que a humanidade precisa realizar rumo a um planeta sustentável.