Biocombustível de coco desenvolvido no Brasil pode solucionar problema do lixo e fortalecer a economia do país

Pesquisadores brasileiros estão transformando resíduos do coco verde em biocombustível, oferecendo uma solução sustentável para o lixo produzido em Aracaju e fortalecendo a matriz energética do país.

Biocombustível de côco desenvolvido no Brasil pode solucionar problema do lixo e fortalecer a economia do país
Pesquisadores estão transformando resíduos do côco verde em biocombustível, oferecendo uma solução sustentável para o lixo produzido em Aracaju.

Em Aracaju (Sergipe), o Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) está desenvolvendo um projeto inovador que converte a fibra do coco em combustível renovável. O objetivo da pesquisa é reduzir os impactos ambientais e promover uma economia circular no Brasil.

Atualmente, cerca de 190 toneladas de resíduos de côco são descartadas semanalmente na cidade, o que tem gerado desafios logísticos e ambientais devido à sua lenta decomposição.

Pos isso, o Núcleo de Estudos em Sistemas Coloidais (NUESC), vinculado ao ITP e ao Grupo Tiradentes, tem pesquisado a aplicação de tecnologias avançadas para transformar esse resíduo em energia limpa. A iniciativa não só reduz o impacto ambiental do lixo orgânico, como também aproveita um material abundante que, de outra forma, geraria altos custos para a gestão de resíduos urbanos.

Tecnologia de ponta no aproveitamento do coco

O coco verde, amplamente consumido em regiões tropicais, tem uma casca rica em lignocelulose, um composto que dificulta sua degradação natural. No entanto, essa característica também o torna um excelente material para a produção de biocombustíveis, já que a lignocelulose pode ser convertida em etanol.

Aracaju produz quase 200 toneladas de resíduos de côco toda semana.
Aracaju produz quase 200 toneladas de resíduos de côco toda semana, que podem, ao invés de ir para o lixo, ser utilizados para produção de biocombustíveis e fortalecer a economia circular.

O processo de conversão inclui uma série de processos mecânicos que envolvem a secagem, trituração e transformação térmica do material, utilizando ainda técnicas como pirólise e gaseificação. Esses processos reduzem significativamente as emissões de metano, um dos gases de efeito estufa mais potentes, que seria liberado caso os resíduos de coco fossem descartados em aterros.

A pirólise aquece o resíduo em ambiente sem oxigênio, decompondo a matéria orgânica e gerando outros componentes que são usados posteriormente para a produção de biocombustível. Já a gaseificação converte a biomassa em gás de síntese, composto principalmente por hidrogênio e monóxido de carbono, que pode ser usado para gerar eletricidade ou pode ser refinado em combustíveis líquidos sustentáveis.

Além de reduzir a pegada de carbono, a iniciativa impulsiona o setor de biocombustíveis e gera oportunidades econômicas para o Brasil. O reaproveitamento de resíduos fortalece a bioeconomia, gera empregos (o que é muito necessário na situação atual do país) e diminui a nossa dependência de combustíveis fósseis.

Estudos indicam ainda que tecnologias como essa contribuem para mitigar as mudanças climáticas, ajudando o Brasil a se posicionar como uma referência global nas questões de sustentabilidade e valorização de resíduos.