Até 2050, entre 11 e 32 milhões de pessoas deverão se deslocar para outras cidades devido à crise hídrica, afirma estudo

As mudanças climáticas já causam danos econômicos significativos e podem afetar o PIB global. Estudo da BCG mostra como mitigar riscos climáticos e evitar perdas financeiras.

Mudanças climáticas
Estudo mostra que as mudanças climáticas já estão pressionando as economias globalmente, pois interrompem os meios de subsistência, as cadeias de suprimentos e a infraestrutura. Foto: Reprodução

Diante dos crescentes custos operacionais e riscos à continuidade dos negócios, a necessidade de ação imediata nunca foi tão grande. Desde 2000, desastres relacionados ao clima causaram mais de US$ 3,6 trilhões em danos econômicos e, sem uma ação urgente, o PIB global pode sofrer um impacto cumulativo de 16% a 22% até o final do século.

A escassez hídrica, agravada pelas mudanças climáticas, pode levar até 32 milhões de pessoas a abandonar suas residências até 2050 em busca de segurança, alimentos e, sobretudo, água potável.

O levantamento, realizado pela consultoria BCG (antiga Boston Consulting Group) em colaboração com o Centro para Inovação Social e Climática da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, destaca os efeitos da crise climática. Esses impactos, já responsáveis por secas, enchentes e tempestades em várias regiões do planeta, estão provocando migrações forçadas e comprometendo a estabilidade de diversas áreas.

O aquecimento global tem alterado os padrões climáticos e intensificado desastres naturais, afetando negativamente a disponibilidade de recursos hídricos e alimentares. Em 2022, 99% dos deslocamentos forçados foram ocasionados pela escassez de água e seus impactos, como a perda de colheitas e a deterioração do solo.

Regiões do mundo mais suscetíveis ao risco de inundações e secas severas

De acordo com o BCG, as áreas da América Latina e do Sudeste Asiático são mais vulneráveis a secas intensas, enquanto a África, Austrália e Oriente Médio estão cada vez mais expostas ao risco de inundações. Na Europa Central, ambos os extremos têm probabilidades semelhantes de ocorrer.

Mundo
Impacto financeiro dos riscos físicos causados pelas mudanças climáticas, que podem prejudicar de 5% a 25% do EBITDA (métrica utilizadas para avaliar a situação financeira da empresa). Fonte: BCG.

Perturbações no ciclo hidrológico provocadas por eventos naturais extremos podem resultar na perda de colheitas, na degradação e erosão do solo, na destruição de infraestrutura e propriedades. Esse é o caso da Somália, onde as mudanças climáticas causadas pelo homem tiveram um impacto severo.

Períodos prolongados de seca na Somália aumentaram os preços dos alimentos básicos em 55% e a insegurança alimentar em 61%. A situação social, política e econômica piorou, com dificuldades de governança e tensões entre grupos étnicos e religiosos.

Alguns grupos terroristas têm utilizado a água como instrumento de guerra, atacando infraestrutura hídrica, bloqueando o fluxo de rios e contaminando poços.

Nas pequenas nações insulares, como as Maldivas e as Seychelles, as mudanças climáticas impactam especialmente o setor de turismo, uma modalidade de mobilidade voluntária que contribui com mais de 30% do PIB.

Essas ilhas, caracterizadas por sua baixa altitude e vulnerabilidade ao aumento do nível do mar, enfrentam graves ameaças, incluindo enchentes recorrentes, redução do apelo turístico e queda nas receitas.O estudo da BCG propõe ações em três áreas essenciais para mitigar os impactos da crise hídrica:

  • Resiliência hídrica: Implementar soluções baseadas na natureza, como infraestrutura verde.
  • Resiliência social: Garantir o o à água limpa como direito humano e apoiar populações vulneráveis.
  • Tecnologia e inovação: Investir em plataformas digitais para monitoramento hídrico e agricultura regenerativa.

Referência da notícia

Boston Consulting Group. CEO guide to net zero. World Economic Forum.