De acordo com estimativas feitas pela Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 13 milhões de pessoas estão ando fome todos os dias na região chamada Chifre da África, que engloba a Etiópia, Quênia e Somália, no nordeste do continente africano. Essa região teve três temporadas de chuvas consecutivas fracassadas, com acumulados muito abaixo do esperado, resultando no pior cenário de seca desde 1981!
Segundo o Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês), a seca dizimou colheitas, além de causar uma alta taxa de mortalidade do gado e provocar escassez de água para consumo das pessoas. Todos esses fatores têm feito com que muitas famílias deixem suas casas, desencadeando conflitos entre comunidades.
A seca afetou principalmente os pastores e agricultores no sul e sudeste da Etiópia, sudeste e norte do Quênia e centro-sul da Somália. Isso gerou um aumento dos preços e inflação sobre os alimentos básicos, além de diminuir a demanda por mão-de-obra agrícola, agravando a incapacidade das famílias de comprar alimentos.
Na Etiópia, estima-se que 5,7 milhões de pessoas afetadas por secas severas precisam de assistência alimentar. Em setembro do ano ado, o governo do Quênia declarou a seca como uma emergência nacional e informou que cerca de 2,8 milhões de pessoas buscaram assistência. Na Somália, o número de pessoas classificadas sob risco de fome severa poderá aumentar de 3,5 milhões a 4,6 milhões até maio deste ano, se nada for feito.
A Special Report on the drought in the Horn of Africa from FSNWG released yesterday is extremely concerning. A thread on the key points below.https://t.co/F0PSiTRZJt#Somalia #Ethiopia #Kenya #Drought pic.twitter.com/RsmupQLXam
— Liam Kelly (@LiamTheKelly) February 11, 2022
De acordo com Mohamed M. Fall, Diretor Regional da UNICEF, as crianças têm sido as mais prejudicadas, sendo privadas de moradia, refeições, educação e o a serviços de saúde. No momento, quase 5,5 milhões de crianças na região estão ameaçadas por desnutrição aguda e 1,4 milhão por desnutrição aguda grave, números que podem aumentar em 50% se as chuvas não vierem nos próximos três meses.
Infelizmente, o prognóstico dado pelos modelos climáticos indicam que as chuvas continuarão abaixo da média na região nos próximos meses, o que poderá agravar ainda mais essa situação terrível. A WFP, que tem fornecido assistência alimentar e subsídios em dinheiro para ajudar a população, diz que serão necessários mais 327 milhões de dólares para ajudar 4,5 milhões de pessoas até maio deste ano, para evitar uma grande crise humanitária como a de 2011, quando 250 mil pessoas morreram de fome na Somália.
According to a #UN report, millions face hunger due to drought along the horn of Africa.
— 24 English (@24_en) February 10, 2022
People in #Somalia , northern #Kenya and southern #Ethiopia are most at risk. 24's @andyhilliar has more ️ pic.twitter.com/1E78qwirCu
Nem mesmo os animais silvestres têm conseguido escapar das secas. Diversos registros fotográficos feitos por drones e também por terra têm mostrado que muitos animais não têm resistido à falta de alimento e água. No Quênia muitas girafas morreram em busca de água e milhares estão ameaçadas pela continuidade da seca.
Em junho do ano ado a ONU alertou que as secas estão prestes a se tornar a próxima pandemia do mundo, com o potencial de causar danos ainda maiores que a COVID-19, podendo se agravar à medida que o aquecimento global aumenta. De acordo com a ONU, as secas já provocaram perdas econômicas de pelo menos US$ 124 bilhões e atingiram mais de 1,5 bilhão de pessoas entre 1998 e 2017.