Um estudo recente da Climate Variability & Predictability (CVP), publicado na Nature Scientific Reports, alerta que se o Ártico continuar aquecendo, o seu oceano ocidental poderá se tornar um "hot spot" e, consequentemente, uma fonte de óxido nitroso (N2O).
Assim como como o dióxido de carbono ou o metano, o óxido nitroso está diretamente ligado às mudanças climáticas, contribuindo para o efeito estufa como também para o enfraquecimento da camada de ozônio.
Em 2017, a Coréia do Sul liderou um grande projeto de pesquisa sobre o Oceano Ártico, que incluiu trabalho de campo e coleta de dados sobre o quebra-gelo R/V Araon. Alison MacDonald, juntamente com a Woods Hole Oceanographic Institution e com apoio financeiro da CVP, contribuiu para este estudo, que tem como foco a distribuição de óxido nitroso no Oceano Ártico Ocidental.
Esta pesquisa é a primeira a apresentar a distribuição espacial das concentrações e dos fluxos de óxido nitroso no Oceano Ártico Ocidental, além de identificar os fatores físicos e/ou bioquímicos que controlam essa distribuição. Esta parte do oceano inclui o Mar de Chukchi, o Mar da Sibéria Oriental, o Mar de Beaufort, o Arquipélago Ártico Canadiano e a Bacia do Canadá.
Os autores descobriram que a região norte do Mar de Chukchi atuou como um "sumidouro" de óxido nitroso, enquanto a região sul deste Mar atuou como uma fonte. O aumento do fluxo de água do Oceano Pacífico para o Oceano Ártico Ocidental e a diminuição do gelo marinho, ambas consequências de um aquecimento do Ártico, poderiam reduzir a região do "sumidouro" e alargar a região da fonte, de acordo com o estudo.
The Western Arctic Ocean could be a Nitrous Oxide hotspot under a warming climate, according to new research. https://t.co/DkYNN8Z81Z pic.twitter.com/l3w63BJLyE
— NOAA Research (@NOAAResearch) July 11, 2021
Com base em um levantamento preciso de N2O da coluna de água do Oceano Ártico Ocidental durante o verão de 2017, foram apresentadas as distribuições espaciais das concentrações e fluxos deste gás, identificados os fatores físicos e/ou biogeoquímicos que controlam tais distribuições, foi determinado se o oceano em questão é uma fonte ou sumidouro de N2O atmosférico e, especuladas futuras mudanças no fluxo de óxido nitroso em resposta às rápidas mudanças climáticas no Ártico.
Como esta pesquisa se baseou em apenas um período pequeno de dados, ela não pode representar o ano de 2017 inteiro; os autores destacam que são necessários estudos de campo adicionais, dado que estes processos são relevantes para as mudanças climáticas globais, de forma que seja possível confirmar e explicar melhor esta distribuição contrastante.