A hibridização é o processo pelo qual duas espécies diferentes cruzam e geram descendentes. É um fenômeno fascinante na natureza que desafia as fronteiras biológicas e levanta questões sobre os limites das espécies e da evolução.
Às vezes, é a mão do homem que está por trás destes processos de hibridização, conseguindo transformar ecossistemas, aumentar a produtividade agrícola e abrir as portas à inovação científica.
Uma atividade que também coloca desafios éticos e ecológicos, como o risco de perda da diversidade genética ou o grave impacto que pode ter nas espécies nativas.
Os cruzamentos entre espécies resultam em animais cuja aparência mistura características dos dois progenitores. Estes são alguns dos mais impressionantes:
Embora alguns animais híbridos tenham surgido naturalmente, muitos são resultado de ações controladas pelo homem para melhorar as características do animal ou adaptá-lo a novas necessidades.
Os cruzamentos entre éguas e burros para produção de mulas são um exemplo clássico relacionado à agricultura. Este híbrido tem sido tradicionalmente valorizado pela sua força e resistência, qualidades que combinam o melhor de ambas as espécies parentais.
O mesmo aconteceu com o beefalo, cruzamento entre um bisão americano macho e uma vaca doméstica de qualquer raça. Entre as vantagens da pecuária estão o fato de sua carne ter baixo teor de gordura e colesterol e que esses animais se adaptam melhor a climas extremos.
Ao contrário da maioria dos híbridos, cujas incompatibilidades genéticas os tornam estéreis, o beefalo produz descendentes férteis.
El ligre es una descendencia híbrida de un león macho y una tigresa o tigre hembra.
— El Club del Arte (@Arteymas_) April 28, 2024
El ligre tiene padres del mismo género pero de diferentes especies.
Ligre es el más grande de todos los felinos existentes conocidos.
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Na indústria do entretenimento também foram criados híbridos como o ligre (cruzamento entre leão e tigresa) ou o tigreão (cruzamento entre tigre e leoa). Embora não tenham finalidade funcional, esses animais são criados para exibição em zoológicos ou centros recreativos.
Alguns criadores também cruzam cães domésticos com lobos para criar híbridos como o cão-lobo e o cachorro-lobo checoslovaco (pastor alemão e lobo europeu), muito valorizados pela sua aparência selvagem e temperamento único.
Às vezes, a hibridização também tem sido usada para experimentação científica para fins de pesquisa e desenvolvimento.
Em laboratórios, por exemplo, foram criados híbridos de cabras e ovelhas (cabrovelha) que buscam estudar doenças ou processos genéticos.
E na biotecnologia, os híbridos também estão sendo investigados para criar organismos com aplicações médicas, como órgãos para transplantes. É o caso da experiência realizada em 2018 por uma equipe de cientistas norte-americanos, na qual criaram embriões de ovelhas que são 0,01% humanos, de acordo com a contagem de células.
Noutros casos, os humanos promovem a hibridização para salvar espécies ameaçadas ou para adaptá-las a um ambiente em mudança.
É o caso dos ursos-grolar (um cruzamento entre ursos polares e pardos) que alguns cientistas estudam para garantir a sobrevivência dos genes dos ursos polares diante da ameaça representada pelas mudanças climáticas.
Este es un oso híbrido, se conoce como oso "pizzly o grolar," y es el resultado de la mezcla entre los osos pardos y los osos polares. #amoralosanimales #animales pic.twitter.com/hupv7F55vf
— Amor a los animales (@lovalosanimales) June 16, 2021
Espécies de peixes como a truta e o salmão também são cruzadas para aumentar a sua resistência a doenças ou a sua adaptabilidade a novos habitats.
A atividade humana também tem sido responsável por processos de hibridização acidental, relacionados com a introdução de espécies não nativas em novos habitats.
Um dos casos mais paradigmáticos ocorreu nos rios norte-americanos, quando foram introduzidas carpas asiáticas que cruzaram as locais, o que acabou por afetar gravemente o ecossistema.
A hibridização não se limita ao reino animal moderno: abrange também a história evolutiva dos próprios seres humanos. Estudos genéticos mostraram que o Homo sapiens e o Homo neanderthalensis cruzaram dezenas de milhares de anos atrás.
Os resultados desta hibridização têm sido evidentes no DNA de muitas populações humanas atuais, especialmente aquelas de origem europeia e asiática, que transportam entre 1% e 4% de DNA neandertal.
A troca genética entre essas duas espécies não só permitiu ampliar a diversidade genética, mas foi fundamental para proporcionar vantagens adaptativas, como maior resistência a determinadas doenças e tolerância a climas frios.
Embora também fosse responsável por doenças como diabetes tipo 2, doença de Crohn, lúpus ou cirrose biliar, que poderiam ser causadas por mutações no genoma do Neandertal que ainda temos.