Em 2020 vimos com muita angústia o Pantanal brasileiro ser consumido pelas chamas. O número de focos de queimadas registradas no ano ado bateu recorde, foram 22 116 focos, mais que o dobro que o registrado em 2019 (10 025) e bem acima do antigo recorde registrado em 2005, de 12 536 focos.
Foram mais de 4 milhões de hectares queimados entre o Pantanal norte e sul, mais de 30% do bioma foi consumido pelo fogo, de acordo com o SOS Pantanal. As imagens dessa grande catástrofe ambiental chocaram o Brasil e o mundo, milhares de vidas animais e grande parte da natureza local foram perdidas ou extremamente prejudicadas.
Árvores que servem de alimentos para animais do Pantanal mato-grossense começaram a dar frutos na maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do país (RPPN), Sesc Pantanal, após 93% da área ser queimada pelo fogo em 2020. #pantanal pic.twitter.com/UX5nlvs8J6
— Geografia Geral (@GeralGeografia) January 31, 2021
Graças ao retorno das chuvas, em novembro o bioma registrou uma grande queda no número de focos de incêndios ativos, já trazendo um alívio e esperança de dias melhores na região. Desde então as chuvas tem ocorrido frequentemente e estão contribuindo para a recuperação gradual do solo e da vegetação.
Na maior Reserva Particular de Patrimônio Natural do país, a RPPN Sesc Pantanal, em Mato Grosso, árvores nativas como canjiqueira, bocaiuva, jatobá, acuri, jenipapo, figueira e marmelada voltaram a dar frutos, 4 meses após 93% da área ser consumida pelo fogo. Esses frutos servem de alimentos para animais como araras, antas e queixadas, que agora voltarão a encontrar fontes naturais de alimentação para sobreviver na região.
Recuperada, onça que virou símbolo dos incêndios no Pantanal volta à natureza: https://t.co/zr0fjxU77k pic.twitter.com/QHby6EyVGZ
— Globo Rural (@Globo_Rural) October 20, 2020
Esses primeiros sinais de recuperação deixaram os pesquisadores da região otimistas e surpresos, já que eles esperavam que os frutos só voltassem a crescer 1 ano após os incêndios. Porém, eles ainda estão cautelosos, pois o caminho ainda é longo para a plena recuperação do bioma. Muitas espécies da fauna e flora ainda demorarão para se recuperar, esses são apenas os primeiros sinais de uma transformação.
Apesar dos sinais de recuperação, o cenário ainda não é muito confortável e otimista. As chuvas retornaram para região, porém em um volume muito aquém do esperado, sendo mais intensas apenas em alguns pontos isolados, o que não é suficiente para recuperar totalmente o solo, os rios e lençóis freáticos da região e trazer de volta a abundância de águas que era comum para essa época do ano.
O principal indicador das condições hídricas do Pantanal é o rio Paraguai, que atravessa as planícies entre Cáceres (Mato Grosso) e Porto Murtinho (Mato Grosso do Sul). Desde o começo de 2021, o rio tem se recuperado de forma muito lenta, saindo gradualmente do estado crítico que estava em 2020.
Porém, se as chuvas continuarem abaixo da média nos próximos meses, o cenário de maior probabilidade é do rio Paraguai ter uma cheia abaixo da média, segundo a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (RM). Se sua total inundação não ocorrer, são maiores as chances de acontecer mais queimadas graves durante o próximo período seco desse ano, iguais ou pior àquelas de 2020!