O intrigante mundo de Titã nunca pára de nos surpreender. Há poucos dias foi publicado no The Astronomical Journal a descoberta de uma molécula particular em sua atmosfera: o ciclopropenilideno, ou C3H2. É tão rara, que nunca foi detectada em qualquer outra atmosfera antes. Segundo o estudo realizado por este grupo, liderado pelo cientista Conor Nixon, essa molécula pode ser um precursor de compostos mais complexos que indicam uma possível vida em Titã.
Paralelamente, a geóloga Catherine Neish, do Instituto de Exploração da Terra e do Espaço (Western Space), concentrou seu estudo nas crateras desse satélite. Junto com seus colegas da Agência Espacial Européia (ESA), ela detectou alguns ingredientes que poderiam formar vidas exóticas. Utilizando uma tecnologia avançada de imagens para explorar Titã, foi descoberto que sob as crateras de impacto, se expõe da crosta gelada desta lua um “gelo de água” relativamente fresco. Pode ser uma evidência que nos permita descobrir ecossistemas antigos no fundo dessas crateras.
Titã está entre os 82 satélites com órbita confirmada de Saturno e é considerado o único do sistema solar com uma atmosfera tão interessante. Desde a sua descoberta em 1655 pelo astrônomo Christian Huygens, ela tem sido objeto de vários estudos. A sonda Cassini-Huygens tirou as primeiras fotos de Titã, que permitiram detalhar a densa atmosfera ao redor do satélite. Anos depois, a perspectiva deste mundo foi ampliada: as sondas foram revelando o que sabemos hoje sobre sua superfície e a composição química de sua atmosfera.
Aqui estão alguns fatos interessantes sobre a superfície e a atmosfera de Titã:
Os cientistas concluíram que este satélite fascinante se assemelha à Terra em vários aspectos. Vento e chuva criam em sua superfície diversos canais, rios, lagos, dunas e linhas costeiras.
Em sua tentativa de encontrar alternativas de vida em outros planetas ou satélites, a NASA lançará a missão Dragonfly, com decolagem programada para 2027. A intenção é enviar um drone robótico à lua de Saturno com o objetivo de aprender mais sobre seu rico ambiente pré-biótico e sua química orgânica, explica a NASA. Esta missão terá a tarefa de responder se Titã poderia abrigar vida em sua superfície e dentro de seus lagos de metano.
En 2027 será lanzada la misión #Dragonfly de la @NASA. El lanzamiento del dron robótico a Titán, la luna de Saturno, tendrá como objetivo conocer más su rico entorno prebiótico y su química orgánica. #ciencia #explore pic.twitter.com/kZ7yc5d0sN
— Laura Batista Faz (@BatistaFaz) November 12, 2020
A descoberta da estranha molécula C3H2 é creditada aos pesquisadores do observatório de radiotelescópio no norte do Chile, conhecido como Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA). Até o momento, só se havia detectado ela em nuvens de gás e poeira que flutuam entre sistemas estelares.
A importância da C3H2 é que ela pode reagir facilmente com outras moléculas com as quais entre em contato, e formar diferentes compostos que dão chances à vida. Após esta pesquisa, concluiu-se que os tipos de moléculas que podem se estabelecer na superfície de Titã poderiam ser os mesmos que formaram os componentes básicos da vida na Terra.