Nesse final de semana dois ciclones tropicais se formam sobre o Oceano Índico, o mais surpreendente é que eles se formaram na mesma faixa de longitude, porém em latitudes diferentes, um no Hemisfério Sul e outro no Hemisfério Norte, criando um caso de ciclones tropicais gêmeos!
Na semana ada uma circulação ciclônica se formou próximo ao Mar de Andamão, próximo às costas de Mianmar e Tailândia. No domingo (08), sobre as águas da Baía de Bengala, essa circulação ciclônica se intensificou e deu origem a uma tempestade ciclônica severa, que recebeu o nome de Ciclone Asani. Com isso, Asani é o primeiro ciclone tropical a se formar no Oceano Índico Norte neste ano!
This morning, Europe's #Meteosat8 ️ can see both Tropical Cyclone #Asani near India as well as Tropical Cyclone #Karim to the South.
— NOAA Satellites (@NOAASatellites) May 9, 2022
For the latest information on these storms, please visithttps://t.co/fHDiQ4yP5Y pic.twitter.com/9nyeISigZh
Enquanto isso, também no final de semana, seu gêmeo surgiu sobre as águas do Oceano Índico Sul, sendo batizado como Ciclone Karim. Este ciclone conseguiu atingir a intensidade de um furacão categoria 2, com ventos sustentados de 112 km/h e rajadas de 140 km/h. Por estar em oceano aberto, felizmente ele não representa perigo a nenhum país.
Já Asani viaja em direção à costa leste da Índia, com ventos sustentados da ordem de 100 a 110 km/h e rajadas de 120 km/h, de acordo com o Departamento Meteorológico da Índia (IMD, na sigla em inglês). Nesta terça (10) Asani já está bem próximo da costa dos estados indianos de Andhra Pradesh e Odisha, mas provavelmente não tocará o continente, já que o ciclone está alterando sua trajetória para norte/nordeste e ará a viajar paralelamente à costa.
#WATCH Andhra Pradesh | Visuals from Visakhapatnam coast as rough sea conditions increase with strong winds due to #CycloneAsani pic.twitter.com/MAZd7LMFs2
— ANI (@ANI) May 10, 2022
Além disso, as previsões indicam que o Ciclone Asani irá perder força gradativamente. De qualquer forma, toda a costa leste da Índia está em alerta devido aos efeitos da agem do ciclone: forte agitação marítima, ventos fortes e tempestades.
Várias imagens de satélite capturaram os ciclones gêmeos girando em lados opostos do Equador. Asani gira no sentido anti-horário e Karim no sentido horário, ambos são giros ciclônicos em seus respectivos hemisférios. Esses giros em sentidos opostos entre os Hemisférios Norte e Sul ocorrem devido ao efeito de rotação da Terra, a chamada força de Coriolis.
De acordo com especialistas em ciclones tropicais, a principal responsável pela formação dos ciclones gêmeos é a Oscilação de Madden Julian (OMJ). Quando a OMJ está ativa sobre o Índico, durante sua trajetória de oeste para leste sobre a faixa equatorial, ela cria condições atmosféricas favoráveis para o desenvolvimento de ciclones tropicais.
Durante a agem dos fortes núcleos de tempestades formados pela OMJ sobre a faixa equatorial do Índico, alguns giros ciclônicos podem se desprender desses núcleos de tempestades para o norte e sul da Linha do Equador. Ao encontrar condições favoráveis, esses giros ciclônicos podem dar origem a tempestades ciclônicas gêmeas!
We have twin Indian cyclones as the convectively active phase of the Madden Julian Oscillation pushes into the Maritime Continent - West Pacific. https://t.co/9M1d3hGvpv
— Doc V (@MJVentrice) May 9, 2022
Dessa forma, apesar de não ocorrer com tanta frequência, casos de ciclones tropicais gêmeos não são incomuns! Em abril de 2019 a OMJ também foi a principal responsável por um episódio bem semelhante de ciclones gêmeos, que na época foram chamados de Fani (no Hemisfério Norte) e Lorna (no Hemisfério Sul). Casos de ciclones gêmeos também costumam ocorrer sobre a porção oeste do Pacífico, mas não ocorrem sobre o leste do Pacífico e o Oceano Atlântico.